Marmoraria online fatura R$ 9,8 milhões

Gustavo Bellisario cresceu com o pai na marmoraria da família, mas nunca pensou em seguir esse caminho. Quando foi sua vez de decidir sobre uma carreira, ela começou a trabalhar em comunicação. Anos depois, soube em um discurso e resolveu abordar a dor que o arquiteto sofria ao se comunicar com a marmoraria. Ele decidiu criar uma startup para atender esses profissionais e descobriu um mercado que estava sendo aquecido pelas empresas de tecnologia da construção. Às vésperas de completar três anos de vida, a Nanoprice fechou contratos com grandes construtoras e incorporadoras, e no ano passado faturou R$ 9,8 milhões.

Quando foi convidado para dar uma palestra em um coworking para arquitetos sobre comunicação e vendas, Belizário não imaginava que sairia de lá com a ideia de abrir uma startup. Em contato com os profissionais da área, percebeu as dores que eles tinham com marmoraria e marcenaria. A primeira era sua velha conhecida, já que seu pai trabalhou no setor e ele chegou a ajudá-lo durante a adolescência na empresa da família.

Depois da palestra, enquanto conversava com o dono do coworking, decidiu arriscar: jogou o verde e falou que tinha aberto uma startup de marmoraria online. A resposta foi positiva. A empresa ainda nem existia, mas Belizário não quis perder a oportunidade que observou naquele dia. Era março de 2019. Ele saiu de lá decidido a fazer a startup dar certo e entrou em contato com o amigo, Lucas de Oliveira: “Parabéns, você agora é sócio de uma marmoraria online”, brincou. No mesmo dia, criaram o MVP (produto mínimo viável, em português) baseado em tudo o que Belizário ouviu na palestra. Juliana Teixeira completou a sociedade. 

Na época, o empreendedor atuava como diretor da startup mineira Smartalk, especializada em comunicação para apresentações, vídeos e eventos. No fundo, queria empreender, mas tinha medo de não dar certo. Depois de liderar a abertura da filial em São Paulo, estruturando a nova sede do zero, sentiu que tinha capacidade de fazer o mesmo com uma empresa própria. “Sempre tive essa vontade, mas não sabia o que fazer. Queria que fizesse sentido e que eu tivesse o mínimo de domínio para fazer bem feito”, afirma.

Com investimento de R$ 60 mil, a partir de capital próprio, eles colocaram a Nanoprice para rodar. O empreendedor afirma que na semana seguinte já venderam R$ 50 mil pela plataforma, o que surpreendeu os sócios. Os números foram dobrando a cada semana e, ao constatar que o público havia comprado a ideia, Belizário deixou o emprego formal para focar todos os esforços na startup.

Foi quando eles voltaram os olhos para as construtoras e incorporadoras, que já contavam com equipes mais estruturadas e demandas maiores. Entre as empresas que realizam projetos com a startup estão Loft, QuintoAndar, Lampur, Archademy, JHSF, Blink Reformei e Epson Engenharia. Cinco marmorarias fixas trabalham como parceiras para o fornecimento das peças.

À medida que a Nanoprice crescia, aumentava também a demanda dos clientes finais para utilizar a plataforma. Para atendê-los, a startup lançou em 2022 um marketplace para conectar o consumidor a 50 marmorarias parceiras de São Paulo e Belo Horizonte, com entrega garantida pela startup. Assim como outras plataformas de prestadores de serviço, os clientes enviam suas informações e recebem três opções de orçamentos para selecionarem o que mais faz sentido para a sua obra.

Não há custos para que arquitetos, construtoras e consumidores finais usem os serviços da plataforma, com pagamento atrelado à compra dos produtos para os projetos. Já as marmorarias pagam assinatura de R$ 599 mensais, com contrato de 12 meses, para oferecer seu trabalho.

Belizário afirma que o lucro da empresa vem da cobrança de uma taxa entre 25% e 30% nas vendas realizadas para o B2B. No ano passado, a Nanoprice registrou faturamento de R$ 9,8 milhões, com crescimento expressivo em relação a 2020, quando o faturamento foi de R$ 3,3 milhões. “O timing foi muito importante. Acho que se tivéssemos surgido um ano antes, não teria dado certo. Na mesma época surgiram muitas construtechs e os clientes estavam prontos para usar a tecnologia, o que ajudou a elevar o nosso negócio”, declara.